domingo, 28 de outubro de 2012

Chegamos às 500 assinaturas

Chegamos às 500 assinaturas na petição que exige que a Marisa faça comerciais inclusivos, ou seja, que contemplem a diversidade da mulher brasileira e não simplesmente a exclua! Gostaríamos de agradecer a todxs apoiadorxs que levantaram nossa bandeira e aqueles que embora falando mal e nos criticando, ajudaram-nos a disseminar a nossa ideia, mesmo sem querer. Nosso muito obrigada também a Change.Com ... Há braços coletivos na luta!

http://www.change.org/marisa

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Todos somos Guarani Kaiowá ou podemos ser um dia



“Acordei cedo, trabalhei, encontrei amigos, voltei para a casa e dormi. No dia seguinte, acordei mais cedo ainda, porque me acordaram! Invadiram minha casa, saquearam meu espaço, macularam minha terra e minha cultura. Levaram tudo que eu tinha!
Fiquei somente com os meus e com meu lar, com minha terra. Junto com os meus, ergui a cabeça e começamos! Recomeçamos. Começamos um dia após o outro, apesar de toda perseguição que sofríamos.

Agora, não bastando levar tudo que tínhamos, querem nos expulsar daqui. Querem nossa terra e querem nosso sangue. Sim, o nosso sangue! Pois não temos mais nada além de nossa terra e o sangue de nossas vidas! Um está atrelado ao outro, pois nessa terra bate o nosso coração e é dela que vem a nossa vida.

Foi dela que nascemos e já que vivos não conseguimos ficar aqui, quem sabe mortos possamos. Que ao menos nossos corpos sem vida possam ficar aqui e herdar a terra dos nossos antepassados que um dia foi nossa.

Os meus já não são muitos! Muitos se foram antes de serem expulsos como eu estou sendo agora! Seus corpos estão aqui! Alguns ainda procuramos. Eles se foram por suas próprias mãos, não por vontade sua apenas! Outros se foram por mãos de outros!
Hoje não acordei, afinal, sequer dormi! Não poderíamos dormir! O risco é diário e toda hora. Estamos acordados e em vigília. O que nos resta é o pouco de nós que restou! Não estamos nos entregando! Não somos covardes, afinal, não há covardia maior do que a situação que estamos vivendo. Resistiremos aqui até o fim!”

Essa poderia ser a minha realidade, esse relato poderia seu meu de fato, embora eu tenho escrito ele, o texto não é sobre mim, é sobre a situação dos Guaranis-Kaiowá. É nossa situação! Não poderia dizer que é fictício! Escrevi o relato me imaginando como um deles de fato, imaginando que eu estivesse sendo expulsa da minha casa e perdendo toda a minha cultura e motivação para vida! Imaginei que me restava poucos irmãos, pois muitos se foram! Imaginei que não tinha saída e que não tinha a quem recorrer.

Imagine que a situação dos Guarani-Kaiowá seja a sua situação! Imagine-se no lugar deles! Imagine-se sem ter a quem recorrer! Imagine-se sem saída!

Conforme dados do Conselho Indigenista Missionário  (CIMI) apontam que em oito anos ocorreram 190 tentativas de assassinato, 176 suicídios e 49 atropelamentos.  

“A cada seis dias, um jovem Guarani Caiová se suicida. Desde 1980, cerca de 1500 tiraram a própria vida. A maioria deles enforcou-se num pé de árvore. Entre as várias causas elencadas pelos pesquisadores está o fato de que, neste período da vida, os jovens precisam formar sua família e as perspectivas de futuro são ou trabalhar na cana de açúcar ou virar mendigos. O futuro, portanto, é um não ser aquilo que se é. Algo que, talvez para muitos deles, seja pior do que a morte”, escreveu a jornalista Eliane Brum, em seu artigo semanal publicado na Revista Época, na última segunda-feira, 22, “Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”.  São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças vivendo precariamente, rodeadas por pistoleiros, em Mato Grosso Sul, à beira de um rio em Iguatemi.

Na carta divulgada por um grupo de 170 indígenas Guarani-Kaiowá, percebemos que eles já não têm mais a quem recorrer. “A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?”, diz trecho da carta.

Eles pedem que ao invés de expulsá-lo da terra, que decretem a sua morte coletiva e os enterrem lá. “Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais”.

Eles vivem ameaçados e cercados por fazendeiros, pistoleiros e pelas vastas plantações de cana de açúcar e soja! De acordo com o CIMI informa que desde 1991, “apenas oito terras indígenas foram homologadas para esses indígenas que compõem o segundo maior povo do país, com 43 mil indivíduos que vivem em terras diminutas”.

Hoje sou Guarani-Kaiowá! Você que ainda não é, pode vir a ser um dia! Você pode ter seus direitos violados e não ter a quem recorrer! Já pensou nisso!?

Enquanto você vive, nossos irmãos Guarani-Kaiowá estão morrendo! Isso é sério! Você já viu em algum meio de comunicação de grande circulação alguma matéria que mostra a situação real desses índios? Eu não vi! Quem já viu!? Eles estão morrendo e serão extintos! Isso é também responsabilidade nossa!

Ajude-nos a chamar atenção do país e a impedir o fim dos Guarani-Kaiowá! Assine e compartilhe essa petição!


Vídeo - Outro Olhar - Denúncia de índios Guarani Kaiowá


Artigo de Eliane Brum, “Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”  

Carta dos Guaranis-Kaiowá e Nota do Cimi

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Para quem nos defende e para quem nos detesta


Vamos comemorar, ganhamos o mundo! Estamos conquistando os espaços e despertando a opinião pública para o debate! Nosso ato repercutiu pelo Brasil todo! Com o apoio de várixs militantes virtuais que apoiam nossa lutam e também com uma mãozinha daquelxs que a condenam! Azar o delxs, continuaremos a luta. Só este blog, teve cerca de 7 mil acessos! Sinal de que estamos incomodando! Chegou ao ponto da Marisa divulgar um comunicado oficial tentando nos mostrar a "graça" do Comercial! Não vi graça nenhuma.
Vieram ataques de todos os lados! Fomos ofendidas, rechaçadas, ao mesmo tempo em que recebemos inúmeras palavras de apoio e força! Queria destacar, que os comentários machistas e opressores que recebemos não diminuíram a nossa luta, tais mensagens nos motivam ainda mais a continuar lutando e combatendo esse tipo de pensamento! Somos da Casa 8 de Março, uma organização feminista que existe no Tocantins há 15 anos, instituição sem fins lucrativos para saber mais sobre nossas atividades acesse o site http://www.casaoitodemarco.org.br! Só para reforçar! Não estamos aqui para brincadeira!

Vou compartilhar o texto que o Robson Fernando de Souza escreveu para o blog Acerto de Contas, em resposta ao post “O ridículo salta aos olhos”, publicado no Acerto de Contas no último 22 de outubro. Segue texto completo do Robson Fernando e link para o texto do Pierre Lucena, dono do blog e do texto opressor.


Marisa: a coerção publicitária não salta aos olhos

Este artigo é uma resposta, com a abordagem do outro lado, ao post “O ridículo salta aos olhos”, publicado no Acerto de Contas no último 22 de outubro. O texto, de forma simplista e refugiada no senso comum, critica a postura do grupo feminista Casa 8 de Março, que protestou na última segunda-feira na frente de uma das filiais das Lojas Marisa no Recife. Usa de um olhar conservador para criticar a ação das feministas, chamando-a de “ato ridículo” e fazendo alusões ao argumento reductio ad absurdum da “ditadura do politicamente correto/pensamento único”. Em relação a essa postura, faço algumas considerações importantes.
Assisti ao vídeo e concluí que ele claramente fez uma apologia ao paradigma da busca pelo dito “corpo perfeito”. Faz apologia à luta pelo corpo magro – e branco, como é praxe na publicidade racista que é hegemônica no Brasil – como se isso fizesse a felicidade da mulher. E consequentemente incita que as moças que tenham mais gorduras corporais do que é tolerado pelo padrão de beleza vigente rejeitem o seu próprio corpo, forçando-lhe mudanças que, se não acontecerem, serão motivo de frustração e infelicidade para elas. E isso, ao contrário do que se desejaria, em quase nada tem a ver com o combate à obesidade e a seus diversos efeitos perniciosos na saúde humana.
A propaganda mostra que dietas rigorosas e outras formas de busca do emagrecimento são necessárias para fazer as mulheres terem “um verão mais feliz”. Condiciona à questão estética um estado de espírito a que, idealmente, toda mulher tem direito. E isso, queira-se ou não, acaba tendo uma consequência negativa para milhões de mulheres que, todos os dias, são coagidas pela sociedade a não gostarem de seus corpos porque têm alguns quilos a mais do que as mulheres magras idealizadas pelos meios de comunicação. Porque se passa ali a mensagem de que praticamente só se aproveita bem o verão sendo magra como uma modelo europeia, independente de autoestima, amizades, amor, lazeres e outros elementos essenciais da vida.
Esse comercial não é o único ou principal anúncio modelador de comportamentos femininos, sendo um entre tantos que coagem as mulheres a não aceitarem ter um corpo “imperfeito”. Mas faz o papel de ajudar nessa modelação, tendo o diferencial de realçar a “importância” de se fazer regime para só assim a mulher amar a si mesma.
E tem o agravante de deixar a interpretável impressão de que apenas mulheres magras são o público-alvo da Coleção Alto Verão Marisa. Passa a mensagem sutil de que ”se você moça quer ser bonita com as roupas que vendemos, vai ter que fazer regime intensivo nos dois meses que restam antes do solstício de verão, senão nossa coleção não lhe servirá e por isso você será menos bonita e feliz do que é”.
O texto diz que a propaganda da Marisa é apenas “um comercial onde uma mulher bonita passa e chama a atenção dos homens”. Mas deve-se prestar atenção: o que é que de fato faz a mulher ser bonita, chamar a atenção dos homens e tematizar a narração? A resposta a essa pergunta vai permitir que a pessoa perceba o que há de ruim no comercial. Além disso, por tudo o que é falado nesta resposta, a propaganda em questão não é só isso.
O anúncio das Lojas Marisa reforça a coerção cultural pela qual as mulheres devem ser magras (e brancas) para serem felizes e apreciadas. E é contra essa coerção, da qual a propaganda em questão é um tipo de cereja do bolo, que a Casa 8 de Março protestou, protesta e protestará sempre que um comercial coagir as mulheres a lutarem contra o próprio corpo por fins alheios a questões de saúde.
Ao contrário do que o senso comum acredita, comerciais têm significações profundas, e estas são muitas vezes coercitivas, modelam impositivamente comportamentos e discriminam quem foge ao padrão de beleza e comportamento divulgado.
Retornando ao texto aqui respondido, outro aspecto dele que critico é ter dito que “reclamar da ditadura da beleza e da magreza é simplesmente ignorar que gosto não se discute, já que cada um tem o seu”. Nessa frase, o autor esquece ou desconhece que a beleza e seus padrões são uma construção sociocultural – como diria Émile Durkheim, é um fato social, um fenômeno humano que, exterior ao indivíduo, exerce um poder coercitivo, seja explícito ou sutil, sobre ele.
Gostos pessoais não vêm simplesmente de dentro da pessoa. Não vêm de um livre arbítrio puro. São, ao invés, frutos de anos ou décadas de socialização e enculturação, nos quais o indivíduo “aprende” que uma cor é mais apreciável que outra, que uma roupa é mais bonita que outra, que um estilo musical é “bom” e o outro é “ruim”, que um gênero “deve” se comportar de tal forma sob pena de estigmatização… E isso se soma à experiência de vida de cada pessoa, a qual permite a individualidade e impede a existência de gostos e convicções políticas unânimes.
Em outras palavras, se a maioria dos homens heterossexuais brasileiros tem preferência por mulheres brancas, é porque as influências culturais recebidas os condicionaram a preferi-las, e a individualidade não impediu isso. As experiências de vida impedem que essa preferência seja unânime, mas não são suficientes para equiparar, por exemplo, o número de homens que gostam mais das brancas, o dos que curtem mais as negras, o dos que apreciam mais as pardas (morenas escuras) e o dos que preferem as que têm traços indígenas ou orientais fortes.
Somando isso ao fato de que a mídia mainstream em geral tem um viés racista de invisibilizar e/ou estigmatizar as negras e os negros e supervalorizar a beleza branca e magra (feminina) ou musculosa (masculina), somos levados a notar que não é coincidência que tantos homens prefiram como padrão de beleza máximo as mulheres brancas, magras e de olhos claros. Tampouco isso é uma questão exclusivamente individual e de livre arbítrio.
Em relação ao argumento ad absurdum da “ditadura do politicamente correto”, ele ignora que os chamados “politicamente corretos” estão lutando justamente contra uma ditadura sutil em que vivemos: aquela onde impera como únicos padrões aceitáveis de ser humano o homem branco, musculoso, materialista, consumista, endinheirado, cristão, onívoro e sem necessidades especiais e a mulher branca, jovem, magra, materialista, consumista, endinheirada, cristã, onívora e sem necessidades especiais.
Nessa ditadura, negros(as), pobres, vegetarianos(as), não cristãos, anticonsumistas, dotados(as) de sobrepeso etc. são os reprimidos pela ditatorial (mas sutil) coerção social, forçados à exclusão e à vergonha de serem o que são. E essa coerção vem das mais diversas formas: publicidade, jornalismo conservador, “humor politicamente incorreto”, novelas, filmes, bullying escolar ou virtual…
E um detalhe curioso do argumento da “ditadura do politicamente correto” é que ele não tolera que as pessoas não gostem de comerciais, piadas(?), programas de TV etc. “politicamente incorretos” e os critiquem, usando de pronto a acusação de que estaríamos querendo implantar uma “ditadura” quando expressamos nossa discordância e descontentamento. Em outras palavras, a acusação de “ditadura” é ela própria uma ação autoritária, ditatorialesca.
E em outra parte do texto, antes do final, afirma-se: “Aliás, não entendi o que isso tem a ver com machismo, como supõe o cartaz da mulher [da Casa 8 de Março], já que isso atinge tanto homens como mulheres”. Tem muito a ver. O comercial da Marisa “ensina” que a mulher deve esculpir um corpo magro para ser valorizada pelos homens, e realça um tradicional valor machista de nossa sociedade – o de que beleza é algo obrigatório para uma mulher ser valorizada e respeitada, ao mesmo tempo em que isso não é tão necessário assim para homens.
A coerção da mídia acerca do padrão de beleza não simplesmente “atinge tanto homens como mulheres”. Atinge muito mais as mulheres do que os homens. Para eles, beleza é um acessório que apenas às vezes é recomendado. Já para elas, torna-se um item obrigatório e exigido, sem o qual elas serão marginalizadas, tratadas como cidadãs de terceira classe – abaixo das mulheres bonitas e dos homens.
O paradigma de sempre valorar a mulher pela feição estética e apenas ocasionalmente fazer o mesmo com o homem é machista. E as Lojas Marisa, assim como quase todos os outros comerciais de moda feminina, exploram isso em seu anúncio, quando colocam a mulher como tendo que “obrigatoriamente” distribuir beleza aos olhos dos homens para ser valorizada, prezada e feliz. Por outro lado, isso quase não se vê nos comerciais de moda masculina. Dificilmente vemos nestes últimos a mensagem sutil de que o homem precisa ser bonito para ser apreciado, respeitado e gostado pelas mulheres. Por isso há razão no cartaz da integrante da Casa 8 de Março.
E falando nesse cartaz, ele não se dirige apenas à infeliz propaganda em questão, mas também a toda a tradição da mídia brasileira de reforçar o costume da supervalorização da beleza feminina branca e magra, em detrimento de qualidades abstratas como o caráter, a inteligência e o talento, como prerrequisito para uma mulher ser respeitada. Nessa tradição, o comercial da Marisa é só um pedaço da ponta do iceberg – o que, porém, não o torna menos passível de protestos, tampouco o desprovê do caráter emblemático que ostentou.
Julgar um comercial como o da Marisa, onde as mulheres são reforçadamente coagidas a rejeitar o próprio corpo e lutar contra ele para terem “um verão mais feliz”, a despeito de suas qualidades interiores, como “tudo bem” e ainda por cima desqualificar de forma tão pejorativa aquelas e aqueles que enxergaram sim significados discriminatórios nesse anúncio é deixar de observar as entrelinhas de cada fenômeno social que determinam a infelicidade de muitos e o privilégio prestigioso de poucos.

Texto "O Ridículo salta aos olhos", de Pierre Lucena, postado no blog Acerto de Contas 
http://acertodecontas.blog.br/atualidades/o-ridiculo-salta-aos-olhos/

domingo, 21 de outubro de 2012

Todas as mulheres, em sua diversidade, têm o seu valor - Contra a Mídia Machista


“Kiriku é pequeno, mas tem o seu valor! Kiriku é pequeno, mas tem o seu valor!” Ouvi essa cantiga hoje na animação francesa “Kiriku e a Feiticeira”, de Michel Ocelot, no Cine Sem Tela. Kiruku era mesmo muito pequeno e totalmente inusitado! Figura esquisita e teimosa, que conseguiu salvar o seu povo dos males que os oprimiam. O nosso herói não estava com armaduras e não era assim “bonito”, digo “bonito” aos padrões de beleza postos pela mídia, por exemplo! Mas era de uma força, coragem e teimosia incrivelmente cativante. Sim, Kiriku era bonito! Para mim e para aquelas crianças que assistiram a sessão conosco, Kiriku era um herói pequeno, negro e lindo.

O trecho está na minha cabeça não somente pelo espetáculo que é o filme, por sua beleza, mensagem, sutileza, poesia e resistência (teria aqui vários adjetivos ainda, mas vamos parar), mas também pelo o que remeteu o filme em vários momentos. Materializei várias atrizes na figura pequena, inusitada e aparentemente frágil de Kiriku.

“Mulher gorda é gorda e tem o seu valor. Mulher negra é negra e tem o seu valor. Mulher baixa é baixa e tem o seu valor. Mulher manequim 40 é manequim 40 e tem o seu valor. Mulher magra é magra e tem o seu valor. Cabelos cacheados e crespos são cacheados e crespos e tem o seu valor” ... Somos lindas em nossa diversidade!

Não importa os padrões de beleza que a mídia divulga, por exemplo, fazendo-nos crê que são os certos, e pelos quais nós devemos nos submeter aos sacrifícios impostos para alcançá-los.

É por essa linha de pensamento que realizamos um ato neste domingo, 21 de outubro, quando algumas participantes (eu, Bernadete, Cleide e Flávia) da Casa 8 de Março - Organização Feminista do Tocantins – manifestaram-se contra a veiculação de propagandas machistas por parte da empresa Marisa e contra essa mídia machista que dissemina cotidianamente a ditadura da beleza, magreza e ofensas contra as mulheres em campanhas publicitárias, novelas, programas de humor, esse último, maciçamente. Já existe até um Movimento Nacional, apartidário e de caráter pacífico, chamado Marcha Contra a Mídia Machista, que protesta contra a desvalorização e distorção da imagem da mulher em diversas mídias.

Nós fizemos um ato silencioso e pacífico em frente à loja da filial aqui no Estado do Tocantins. Fomos abordadas por várias pessoas para perguntar o significado das frases dos nossos cartazes (Contra a Mídia Machista/Vou pelada, mas não vou de Marisa) e nós explicamos e fomos bem recebidas, inclusive por funcionárias da loja. Alguns depoimentos emocionantes, como um de uma adolescente – "sou branca, mas meu cabelo é cacheado, não sou magra e sou linda", nos animaram muito, pois, já é uma semente vindo por ai.  

No entanto, algumas pessoas não conseguem perceber a dimensão dos comerciais machistas, que falam dos sacrifícios que a mulher precisaria fazer para ficar pronta para o verão, por exemplo, excluindo todas as outras mulheres que não fizeram o tal do sacrifício, colocando-as num patamar inferior, no qual são tachadas de feias, gordas, foras de forma, sendo, consequentemente, excluídas dos espaços, que na concepção da Marca, só poderiam ser ocupados pelas mulheres que estão em forma para o verão.

Nós mulheres, oprimidas e rechaçadas todos os dias, sabemos o tamanho de nosso desafio. Inclusive na conscientização das outras mulheres, que fragilizadas por uma cultura machista, são machistas e não percebem que são também oprimidas.

Durou cerca de 20 minutos o nosso ato, até quando fomos "convidadas" a parar com a manifestação. Enrolamos os nossos cartazes e fomos embora pacificamente!

Independente de ser pequena, grande, loira, negra, índia, todas as mulheres, em sua diversidade, têm o seu valor.



Rose Dayanne Santana
Jornalista e militante




Leia também "Não é só o comercial da Marisa" http://delinguasolta.blogspot.com.br/2012/10/nao-e-so-o-comercial-da-marisa.html




quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Programação Cine Sem Tela Outubro

Galera, a programação do Cine Sem Tela Cineclube para outubro está linda. Neste mês a temática escolhida foi animação. Afinal, em outubro temos a comemoração do dia das crianças e do dia internacional da animação. 
Confira a programação e venha!

14/10 - "Princesa MononoKe" - Diretor:Hayao Miyazaki- No debate sobre animação e a cultura japonesa os os produtores e amigos do Anime Soul serão os conv

 idados.
21/10 - "Kiriku e a Feitiçeira" - Diretor: Michel Ocelot - A cultura africana, a cultura negra, a afrodescendência. Um debate com representantes do movimento negro do Estado.
28/10 - "Persépolis" - Diretores: Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi e o curta "Garoto Coisa" de Erick Henrique- A diversidade religiosa e cultural e o papel da mulher na sociedade contemporânea. 
 

As exibições dos filmes acontecem aos domingos, a partir das 20h, no Quiosque do Gaúcho, na praça da quadra 110 sul.